A maior fonte de inspiração para a minha cozinha é, sem dúvida, a cozinha tradicional portuguesa, sobretudo das regiões do Alentejo e Ribatejo, cujos sabores são para mim uma memória de toda a vida. Para além disso, pratico uma cozinha de tipo mediterrânico, fortemente influenciada pelas tradições e pelos ingredientes de todos os países que este termo engloba: Espanha, Itália, Grécia... A gastronomia francesa é incontornável, evidentemente, enquanto origem de algumas das mais importantes tendências culinárias da actualidade. Os países asiáticos - sobretudo a Tailândia, a Índia e o Japão - representam um universo de possibilidades com que me interessa experimentar e testar novos ingredientes e modos de confecção. Aquilo que me agrada, acima de tudo, é conjugar referências díspares e tradições aparentemente afastadas, aliar técnicas, ingredientes, ideias e imagens, esticar a corda das fronteiras entre vários tipos de cozinha e demonstrar que esses limites são na verdade fictícios. Cozinho para proporcionar a quem come um momento de prazer, quer para o paladar, quer para os olhos. Definir um estilo para o tipo de cozinha que pratico não é exercício fácil. Cozinhar é sobretudo um acto de partilha, algo que se faz para os outros. Eu cozinho para as pessoas - não para o meu umbigo - e é nisto que acredito. É por isso que relativizo modas e tendências - há que prestar atenção e experimentar, claro, mas sem perder a identidade, a essência do ofício que se pratica.